
Depois de pedir a demissão do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e cobrar explicações do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, a respeito da inércia do governo Bolsonaro em relação ao desastre na costa do Nordeste, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), foi até o Palácio do Planalto para cobrar providências. Ele se reuniu com o presidente da República em exercício, Hamilton Mourão.
Humberto disse a Mourão que está preocupado com as consequências negativas da tragédia sobre os pescadores e profissionais ligados ao setor do turismo. Segundo Humberto, não é possível que o governo demore a responder a essas demandas, assim como fez para reagir ao óleo que atingiu o litoral.
“Conversamos sobre uma compensação financeira aos pescadores. E que isso não pode demorar a chegar. O governo vai ter de estimular a economia da região. Pelo menos tivemos uma boa notícia na reunião: o presidente em exercício nos disse que o processo de chegada do material tóxico às praias está em fase final”, contou.
O parlamentar avisou ainda a Mourão que o Senado está criando uma comissão externa para monitorar os trabalhos e auxiliar as autoridades competentes.
O senador lamentou que a gestão Bolsonaro esteja tratando com absoluto descaso, desde o fim de janeiro, o maior desastre ambiental em extensão de todos os tempos no país. Ele acredita que o presidente e seus ministros são preconceituosos em relação ao povo nordestino e não se preocupam com o meio ambiente.
“São mais de 200 locais afetados e um imenso prejuízo à flora e à fauna da região, onde verdadeiros santuários ecológicos estão sendo invadidos por esse derramamento de óleo, que, até o presente momento, nem de onde veio o governo sabe identificar. As causas e os responsáveis não foram identificados e a União permanece inerte enquanto o óleo avança”, criticou.
Humberto lembrou que Bolsonaro não pisou na região e não prestou qualquer solidariedade à população pelo desastre de dimensões nunca vistas. Ele acredita até que o presidente pode ter ficado decepcionado com a atitude de Mourão de designar, na ausência dele – que viaja ao Japão neste momento – o Exército para ajudar a retirar o óleo das praias.
“Creio que Bolsonaro não deve ter gostado porque ele queria que a gente morresse no petróleo lá. Acho que é isso. E acredito que não vai gostar também dessa nossa reunião. Mas o tamanho da inoperância do governo só perde para o tamanho do desastre. Foram mais de 900 toneladas de óleo já retiradas. São 144 mil pescadores e marisqueiros que estão afetados. O potencial danoso para o turismo, especialmente às vésperas do verão, é enorme”, afirmou.
O líder do PT no Senado responsabilizou o Palácio do Planalto pelo agravamento do desastre, principalmente por ter acabado com qualquer forma de controle e consulta da sociedade sobre o Governo, extinguindo inúmeros comitês e conselhos, incluindo o que tinha responsabilidade de conter incidentes com vazamento de óleo – criado pela presidenta Dilma Rousseff.
Humberto ressaltou que, enquanto o óleo estava começando a tomar as principais praias de Pernambuco, o presidente da República, em vez de falar para o povo do Estado o que iria fazer, foi à rede social esculhambar o governador Paulo Câmara por ele “ter tomado o 13º salário do Bolsa Família do povo”.
“Bolsonaro criou uma mentira descabida. Veja que cabeça. Veja que mentalidade tem esse senhor que ocupa o cargo mais alto do Poder Executivo brasileiro. Não há nenhuma sensibilidade com os cidadãos, principalmente da nossa região”, comentou.